O Labirinto da Saudade será provavelmente o livro mais conhecido de Eduardo Lourenço. Dizem-no o número de edições que teve em Portugal, as traduções (parciais ou integrais) que dele foram realizadas, as reacções que ocasionou, o recente filme homónimo de Miguel Gonçalves Mendes, em parte ainda a própria vida do autor, como se a análise imagológica proposta no Labirinto fosse também uma autognose de quem o escreveu. O [livro] é indissociável da época em que foi publicado, pouco depois da mudança de regime em Portugal, à beira do último quartel do século XX. Mas o conteúdo do volume, mais do que dizer respeito ao período imediatamente seguinte ao 25 de Abril, rodeia-o. [...] Há no Labirinto um programa de mudança [...], no qual cultura e política estão associadas, e que exige tanto o reconhecimento de uma mitologia persistente que atravessa a história portuguesa e diversos regimes políticos como a sua desconstrução e substituição. |