O que significa um «segundo paraíso» para alguém educado a acreditar no primeiro? A dado passo deste livro, Eduardo Lourenço revive a descoberta do cinema na infância aldeã: o lençol na parede em que se projectava a vida de Cristo como se fosse um sudário. E surgem frequentes expressões como «reencantamento» ou «revelação», bem como a ideia de que no cinema uma imagem está lá em vez de outra, como se fosse uma figura poética ou sacramental. [...] Segundo Lourenço, o cinema não é simplesmente uma arte onírica: é um sonho exterior que faz da vida, e não do sonho, o lugar sobrenatural por excelência. O cinema não reproduz a naturalidade da vida, mas sobrenaturaliza-a, faz dela mais fascinante do que é na verdade. [...] |