Do reconhecimento do caráter libertador da palavra poética depende para Eduardo Lourenço um entendimento do crítico enquanto leitor passional. Este leitor recusa o gesto de julgar a obra a partir de uma instância superior, procurando acolher os seus ensinamentos, dar conta do seu movimento interno, iluminar o seu significado. Concebendo o papel singular da poesia, na esteira de Heidegger, como leitura privilegiada do mundo e aproximação à sua essência, caberá ao ensaísta ampliar o sentido dessa aproximação. O movimento de ampliação, em que o discurso crítico se apresenta como prolongamento da obra, implica a ideia de renovar permanentemente os seus pontos de partida. |