O passado dos homens não foi só a sua vida pública. Foi também o jogo ou a luta de cada dia e aquilo em que eles acreditaram. Desejaria, como Ricoeur diz também, «reabrir o passado para reavivar nele as potencialidades não cumpridas, impedidas, ou mesmo massacradas», particularmente aquelas que a proclamação do Evangelho reclama sempre que é ritualmente anunciado. Desejaria que as minhas explorações do passado não fossem viagens a um reino de sombras, nem mitificação de factos presentemente privilegiados, mas revelação do que sempre de novo existe no passado, do que sempre de novo o traz até nós, do que sempre de novo nos impulsiona no presente, do que sempre de novo deveríamos transmitir a quem vier depois. Desejaria... Infelizmente os desejos ficam muitas vezes longe do seu cumprimento. Mesmo que me aproximasse deste ideal, nem por isso ele se comunicaria automaticamente a ninguém. Só a busca de cada um dos meus leitores o pode trazer à existência.» «...um livro imprescindível para a historiografia portuguesa, mas é-o também para o leitor comum, não especializado, que tenha gosto por explorar o passado, a identidade nacional, a "identificação de um país", sem recurso aos imaginativos "mitos colectivos" que durante tantos séculos fizeram a História portuguesa. |