Na colecção dirigida por Pedro Mexia: NOVO LIVRO DE POESIA DE A.M. PIRES CABRAL «Erato é uma musa. E uma megera, embora tivesse como cognome ‘a amável’. Há nela ‘o hostil amor das musas’, tanto mais que inspira, entre outras artes e ofícios, a poesia. Um poeta, que é, grosso modo, o ‘autor empírico’ deste livro, decide então contar-nos os seus diálogos e debates com a musa, os seus ‘colóquios’, no sentido antigo. Do poeta sabemos que é atreito à nostalgia, ao pessimismo, ao humorismo, que os seus versos são ‘mais lamento do que regozijo’, que tem a poesia em abstracto em melhor conta do que a sua poesia em concreto, e que a mortalidade o atormenta. Quanto a Erato, ou a esta versão dela, podemos defini-la como inspiradora, desconcertante, exigente, sarcástica, caprichosa e ‘quilhada’ (os coloquialismos e plebeísmos convêm mais a esta sequência do que um tom elevado, aristotélico). Tudo isto lembra, de certa maneira, a história de um casal. Um casal que, décadas passadas, ainda vive entre a dependência afectuosa e a amarga desavença. E se a poesia aqui parece mais desconsolo do que consolação, o confronto com a musa é a marca de um poeta com ânimo ainda.» |