Compilada perto de 1595, esta que chamamos Miscelânea Sebástica da Ajuda constrói, a partir de elementos díspares reutilizados, uma narrativa ordenada, com o seu prólogo, corpo narrativo e peroração, sobre os antecedentes, feitos militares e desfecho da batalha de Alcácer-Quibir, servindo como memória catártica do desastre. Independentemente do valor próprio dos elementos em prosa e verso acumulados no códice 51-II-18 da Biblioteca da Ajuda, a maior parte deles inéditos de diversa natureza e autoria (entre os quais se destacam poemas de Diogo Bernardes e Jerónimo Corte-Real), o facto de terem sido copiados de uma mão e tratarem todos do mesmo assunto sugere uma leitura não como um conjunto desagregado mas como uma obra sequencial, com um propósito bem definido. |