A obsessão pela limpeza de sangue e pela honra que caracterizou as sociedades ibéricas do Antigo Regime provocou o extraordinário desenvolvimento de uma cultura da habilitação. Não bastava ter honra e nobreza. Era fundamental provar que se possuíam tais atributos, mesmo para quem se habilitava no espaço extra-europeu. As Ordens Militares e as Inquisições foram duas das entidades que mais se especializaram na tarefa de apurar a honra. As suas práticas foram por vezes copiadas e imitadas por outras instituições, tanto eclesiásticas como seculares. O presente livro centra-se no estudo dos membros do Santo Ofício e das Ordens Militares, como agentes incumbidos de averiguar a honra dos outros, mas, ao mesmo tempo, como indivíduos que, também eles, tinham de provar a sua própria honra. Estudam-se, igualmente, as práticas quotidianas do apuramento da limpeza de sangue/ofícios e os vários entendimentos e até transgressões das normas estabelecidas. Tudo isto é antecedido por um revisitar das questões historiográficas e metodológicas que têm pautado as pesquisas sobre as temáticas propostas. |