Neste livro parte-se das formas de participação colectiva multitudinária que marcaram os anos de disputa entre o liberalismo e o absolutismo em Portugal (1820-1834), para depois se mostrar como os elementos presentes nessa disputa foram reapropriados e transformados durante a vigência do constitucionalismo e, a partir de 1870, se normalizaram como meio de acção. Outros autores têm trabalhado sobre a participação política das populações rurais portuguesas, sob a forma de assuadas, motins, insurreições guerrilheiras e substituição de autoridades, que por vezes compunham cenários de rebelião declarada em regiões inteiras que protagonizavam a vida política do país. Tomando esses trabalhos como referência, neste em contrapartida atender-se-á preferencialmente às formas de acção que interpelavam directamente os governantes e legisladores, sobretudo porque é a partir destas que, ligadas à institucionalização do Portugal constitucional, surgem as formas novas do movimento social. |